"Ser profundo dói, melhor nos entreter. Pra quê se comover? Pra que se emocionar?"
Esse é o primeiro trecho da canção que abre o EP "Superficial". A canção que dá nome ao trabalho já inicia lançando uma questão que permeia o nosso tempo: estamos mais sensíveis ou estamos mais frios? Como consumidores de arte e entrenimento estamos absorvendo conteúdos com mais rapidez e esses conteúdos estão nos preenchendo? Estão realmente nos entretendo?
As perguntas não param e a canção "Superficial" não encerra as questões sobre essa panela de pressão que se aquece em cada um de nós. Com a rapidez das informações, a rap
idez das respostas, a rapidez dos comentários, estamos sem tempo pra sentir, pois sentir requer pausa, reflexão, autoconhecimento e leveza.
Nesse EP "Superficial" Luiz Gadelha mais uma vez se põe à mostra com suas inquietações. A canção "Lágrimas Sem Sal" que dá sequência ao EP expõe uma fragilidade de sua alma. Luiz Gadelha se questiona ao mesmo tempo que afirma que pode (ou que deveria) ser exatamente o que se é, ignorando julgamentos externos - "Reprimido/Devo ser/Porque es asi/Comprimido/Pode ser/Everthing I feel" - assim como também assume suas limitações pra que seja um ser pleno.
E como forma de enfrentar medos e auto cobranças a canção "Como un barco" inaugura a ousadia de Gadelha como compositor em escrever em outro idioma. A canção "Como un barco" escrita em espanhol também expõe as questões mais profundas de sua alma mas com um viés voltado ao momento presente. Já que nada é constante nessa vida, a canção relata o momento atual que Luiz Gadelha se encontra e acima do que poderia ser uma reclamação, "Como un barco" é uma letra que fala sobre resiliência.
Encerrando o EP a canção semi concretista "Todes" traz os pronomes e adjetivos neutros mais usados pela comunidade não binária. Luiz Gadelha acredita que abordar a questão da não binariedade é ampliar nosso conhecimento a respeito do outro, de ser ser humano e como consequência nos conhecer. Ainda existe um incômodo por parte da sociedade em reconhecer a adoção de pronomes e adjetivos não binários como se isso fosse destruir o nossa maneira de viver ao invés de incluir uma comunidade e assim todos se reconhecerem.
O EP "Superficial" conta com 4 faixas e foi todo produzido no home estúdio de Luiz Gadelha, por ele mesmo, com arranjos eletrônicos que complementam em forma de sons, tudo que é dito nas letras de cada faixa. A mixagem, a masterização e a arte da capa do EP também foi executada por Luiz Gadelha.
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