quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ser rio

Não é uma boa esquecer-se de si e nunca aprender a ser confiante. O tempo é como o leite no fogo, no menor descuido, entorna tudo, na maior rapidez, não tem mais volta. É importante pensar em si mas nunca apenas em si. É interessante distribuir delicadeza e educação. Não é o leão que engole é a caça que se sente ameaça e desperta o leão. Bondade é obrigação. Ingenuidade, pois o que menos está em falta é a desconfiança, o medo, o armamento pesado pra evitar ferimentos. Só pode ferir se não foi de coração o desejo de se dar sem cogitar se haveria devolução. O bem ja vem como figurinha duplicada; pra que se espalhe, pra que grude, pra que complete todo o álbum. Olhar pra si sentindo-se engrenagem e nunca, nunca o relógio inteiro que determina horas, minutos e segundos. As pessoas não precisam reconhecer seu esforço, você quem precisa sorrir quando há oportunidade de colaborar. Se tornar o gás que banca a decolagem do balão. Agir de maneira inédita à si mesmo pois há de ser surpreendente se ver amando mais do que julgava ser capaz. Acreditar no outro um pouco mais do que acredita em si, afinal, é no outro que vai buscar abrigo quando se percebe perdido, às vezes, com o mínimo. Ser confiante é torna-se límpido, como um rio. É ser rio; com águas correntes, cuidando das vidas que nele habita, levando e trazendo oxigênio, olhando a sua margem, acalmando quem mora ao fundo, sendo espelho para o céu e recipiente nos dias de chuva. A gente é responsável por mais vidas do que queremos adotar.
 L.G.

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