Eu sei que a paz, pra que eu a encontre, só depende de mim. Ela nem me espera. Ela conta que eu a ache. Onde quer que ela esteja.
Não sei como será esse dia, mas sei que por enquanto, não existem dias contentes.
Os dias são como a chaleira no fogo. Coloca-se água, começa a virar vapor, pode ser que se transforme em café, pode ser que vire chá, mas vai ser só mais uma outra coisa a ser tomada, ser digerida e mais nada. No dia seguinte a mesma chaleira, o mesmo vapor, o mesmo chá ou mesmo café serão digeridos com o mesmo gosto, o gosto de todos os dias.
A minha cabeça dá giros em torno da mesma estrela que ainda brilha mas que não pode ser tocada, não pode ser vista, ao contrário disso, devo esquece-la e só abrir os olhos quando estiver realmente longe, pois a luminosidade inevitavelmente cega e disnorteia, principalmente a mim que já não sei muito bem onde fica o norte das coisas.
Por enquanto acho tudo injusto e cruel. Como não perceber no seu jardim que as glórias das manhãs se abrem e permitem que insetos sobre pousem suas pétalas. Ou não perceber que há uma nova correspondência na caixa dos correios.
A mágoa é como uma mariposa que não sabe encontrar uma abertura pra sair e se debate diante do vidro, talvez por não conhecer janelas de vidro e insiste sem cansar ou pára de vez em quando pra descansar as asas que involuntariamente lutam por uma fuga e acaba por fazer barulho, por contrariar, por tornar as coisas mais difíceis. Quando se quer fugir, só se quer fugir, não importa pra onde, só importa do quê.
A paz certamente não está na chaleira, nem se debate diante do vidro e nem quebra a cabeça com estratégias de fuga ou de um esconderijo implacável. A paz deve andar de sorriso esculpido e roupas coloridas pois nem teve muita atenção em combinar as cores, queria logo chegar no mar e colocar os pés dentro da água, sentir o sol até que ele se ponha e a deixe disposta a sorrir e pensar: amanhã quero tudo isso de novo!
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Chá com a paz
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