Fernanda Abreu - se fossemos amigos, Fernaninha Abreu - sempre seduziu meus ouvidos e minha vista,
desde quando apareceu solo nos anos 90 com seu disco “SLA Radical dance disco
club” cheio de samplers, mesmo quando a gente não tinha ainda muita ideia do
que fosse um sampler. Exuberante no palco, cheia de atitude, levando a cultura
carioca pra o resto do Brasil e pra o mundo. Fernanda Abreu sempre foi uma
inspiração e depois de 10 anos sem lançar nenhum álbum, vem com “Amor Geral”
que obviamente não decepciona em nada. Um álbum lindo, modernizado,
personalizado, atualizado e inspirado.
Fernanda Abreu, cantora, compositora e
pessoa, passou nesses 10 anos de pausa por situações difíceis que em nada lhe
inspiraram a querer lançar um novo trabalho; obviamente; o que ela sentia era
que devia mesmo colocar a cabeça no lugar e esperar a tempestade passar.
Passou, como sempre em tudo, tende a passar e deixar grande aprendizado. É isso
que tá impresso no novo álbum de Fernanda Abreu, superação e muita sensibilidade
pra imprimir toda essa mudança de comportamento que estamos vivendo, a falta de
amor e também uma transformação na forma de consumir, produzir e fazer música.
Do início ao fim, “Amor geral” faz em cada faixa, nossa cabeça pensar e nosso
coração sentir o que diz cada palavra cantada, lapidada, certamente pra que nada
deixe de ser dito e sentido, como a faixa “Outro Sim” que abre o disco – “sempre
haverá outra esquina/outra beleza/outra cara/outra mina/sempre haverá um mané
sem noção/um otário querendo atrasar/sempre haverá outro dia ensolarado e outra
noite vadia/sempre haverá outra chance/uma mão ao alcance querendo ajudar”.
Uma
faixa que me chamou muito atenção, sobretudo pela letra é “Antídoto” – “quero a
poesia como companhia/artifícios não/quero trocar de pele e ficar mais leve/couro
de cobra não/quero um antídoto que cure a tristeza/tarja preta não/quero olhar
pra dentro e sentir a beleza que vem do coração” – melodia linda e arranjo não
menos lindo. É um disco que o mundo precisa ouvir pois há muita coisa a se
pensar, a sentir e avaliar em nosso comportamento e nossa postura no mundo. O
disco termina com um poema (acredito que seja um poema) falado por Fernanda
sobre o amor, o amor romântico, o amor plural, o amor geral, deixando a poesia
no ar e lhe fazendo querer ouvir tudo de novo.
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